Após alguns momentos, nesse grande embaraço, Pedro
perguntou: “Mestre, realmente pretendes lavar os meus pés?” E então,
olhando no rosto de Pedro, Jesus respondeu: “Tu podes não compreender
plenamente o que eu estou na iminência de fazer, mas no futuro tu saberás
o significado de todas essas coisas”. Então Simão Pedro, suspirando
profundamente, disse: “Mestre, nunca lavarás os meus pés!” E cada um dos
apóstolos acenou com a sua aprovação à firme declaração de Pedro,
recusando-se a permitir que Jesus se humilhasse, assim, diante deles.
O apelo dramático dessa cena inusitada, a princípio,
tocou até o coração de Judas Iscariotes; mas, quando o seu intelecto
vaidoso fez um julgamento do espetáculo, ele concluiu que esse gesto de
humildade era apenas mais um episódio para provar conclusivamente que
Jesus nunca se qualificaria para ser o Libertador de Israel, e que ele não
tinha cometido nenhum erro com a decisão de desertar a causa do Mestre.
Enquanto, estupefatos, todos continham a respiração,
Jesus disse: “Pedro, eu declaro que, se eu não lavar os teus pés, tu não
terás nenhuma participação comigo na obra que eu estou na iminência de
realizar”. Quando Pedro ouviu essa declaração, combinada ao fato de que
Jesus continuava ajoelhado, lá, aos seus pés, ele tomou uma dessas
decisões de aquiescência cega, de submissão ao desejo de alguém a quem ele
respeitava e amava. E como começou a surgir em Simão Pedro a compreensão
de que, ligada a essa ação proposta de serviço, estava alguma significação
que determinava a ligação futura com a obra do Mestre, ele não apenas
reconciliou-se com o pensamento de permitir a Jesus lavar os seus pés,
como, à sua maneira característica e impetuosa, ele disse: “Então, Mestre,
lava não apenas os meus pés mas também as minhas mãos e a minha cabeça”.
Ao começar a lavar os pés de Pedro, o Mestre disse: “Aquele que já está
limpo necessita apenas que tenha os seus pés lavados. Vós que sentais
comigo nesta noite estais limpos – não todos, contudo. Mas o pó dos vossos
pés deveria ter sido lavado antes de vos sentardes para a refeição comigo.
E, além disso, eu gostaria de prestar esse serviço a vós, tal como uma
parábola para ilustrar o significado de um novo mandamento que eu em breve
dar-vos-ei”.
De um modo semelhante, o Mestre contornou a mesa, em silêncio, lavando
os pés dos seus doze apóstolos, não fazendo exceção nem de Judas. Quando
Jesus terminou de lavar os pés dos doze, ele recolocou a sua túnica,
voltou ao seu lugar de anfitrião e, depois de olhar para os seus
desnorteados apóstolos, disse:
“Vós realmente podeis compreender o que eu fiz para vós? Vos me chamais
de Mestre, e estais certos, pois eu o sou. Se, então, o Mestre lavou os
vossos pés, por que não estáveis dispostos a lavar os pés uns dos outros?
Que lição deveríeis aprender dessa parábola na qual o Mestre, com tão boa
disposição, faz o serviço que os seus irmãos não queriam fazer uns para os
outros? Em verdade, em verdade, eu vos digo: Um servo não é maior do que o
seu senhor; nem aquele que é enviado é maior do que aquele que o envia.
Vós vistes o caminho do serviço pela minha vida entre vós, e abençoados
sois vós que tereis a coragem graciosa de servir. Mas por que sois tão
lentos para aprender que o segredo da grandeza no Reino espiritual não é
como os métodos do poder no mundo material?
“Nesta noite, quando eu entrei nesta sala, não vos contentando em
recusar por orgulho a lavar-vos os pés, uns dos outros, também caístes na
disputa de quem deveria ter os lugares de honra à minha mesa. Tais honras
são buscadas pelos fariseus e pelos filhos deste mundo, e não devia ser
assim, todavia, entre os embaixadores do Reino celeste. Não sabeis que não
pode haver lugares preferenciais à minha mesa? Acaso não compreendeis que
eu amo a cada um de vós como amo todos os outros? Não sabeis que o lugar
mais perto de mim, como os homens encaram essas honras, pode não
significar nada no que diz respeito à vossa posição no Reino do céu?
Sabeis que os reis dos gentios têm a soberania sobre os seus súditos,
enquanto aqueles que exercem essa autoridade, algumas vezes, são chamados
de benfeitores. Mas não será assim no Reino do céu. Aquele que quer ser
grande entre vós, que se torne como que o mais jovem; enquanto aquele que
quer ser o dirigente, que se transforme em alguém que serve. Quem é o
maior, aquele que se senta para comer, ou aquele que serve? Não é
comumente considerado maior aquele que se senta para comer? Mas vós ireis
observar que eu fico entre vós como aquele que serve. Se quiserdes
tornar-vos os meus companheiros de serviço fazendo a vontade do Pai, no
Reino que está por vir, sentar-vos-eis comigo no poder, fazendo também a
vontade do Pai na glória futura”. Quando Jesus terminou de falar, os
gêmeos Alfeus trouxeram o pão e o vinho com as ervas amargas e a pasta de
frutas secas, como o próximo prato da Última Ceia.
Por alguns minutos os
apóstolos comeram em silêncio, mas, sob a influência do comportamento
jovial do Mestre logo foram levados a conversar, e a refeição passou a
transcorrer como se nada de fora do comum estivesse acontecendo, que
interferisse no bom humor e na harmonia social dessa ocasião
extraordinária. Depois de algum tempo, mais ou menos na metade da segunda
parte da refeição, Jesus, olhando-os a todos, disse: “Eu vos declarei o
quanto eu desejava realizar esta ceia convosco e, sabendo como as forças
do mal e das trevas conspiraram para a morte do Filho do Homem, eu
determinei compartilhar esta ceia convosco, nesta sala secreta, e um dia
antes da Páscoa, pois eu não mais estarei convosco amanhã a esta hora. Eu
já vos disse repetidamente que devo retornar ao Pai. Agora a minha hora
chegou, e não era necessário que um de vós me traísse entregando-me nas
mãos dos meus inimigos”.
Quando os doze ouviram isso, tendo sido tirado deles muito da sua
auto-segurança e autoconfiança, com a parábola do lava-pés e com o
discurso subsequente do Mestre, eles começaram a olhar uns para os outros,
enquanto em tom desconsertado perguntavam hesitantes: “Serei eu?” E então,
quando eles todos se haviam perguntado isso, Jesus disse: “Já que é
preciso que eu vá para o Pai, não havia a necessidade de que um de vós se
tornasse um traidor, para que a vontade do Pai fosse cumprida. Isso é
devido à maturação do fruto do mal, escondido no coração daquele que não
conseguiu amar a verdade com toda a sua alma. Quão enganador é o orgulho
intelectual que precede a queda espiritual! Um amigo meu de muitos anos,
que ainda agora compartilha comigo do meu pão, está prestes a trair-me,
este mesmo que agora coloca a sua mão junto comigo no prato”.
E quando Jesus acabou de dizer isso, eles começaram novamente a
perguntar: “Serei eu?” E Judas, assentado à esquerda do Mestre, de novo
perguntou: “Serei eu?” Jesus, segurando o pão no prato das ervas, passou-o
a Judas, dizendo: “Tu o disseste”. Os outros, entretanto, não ouviram
Jesus falar a Judas. João, que estava reclinado no divã à mão direita de
Jesus, apoiou-se e perguntou ao Mestre: “Quem é? Deveríamos saber quem é
que se mostrou infiel à confiança nele depositada”. Jesus respondeu: “Eu
já vos disse, o mesmo a quem eu dei o pão empastado”. Era tão natural,
entretanto, o anfitrião assim passar um pedaço de pão àquele que se
assentava próximo a ele à esquerda, que nenhum deles notou isso, ainda que
o Mestre tivesse dito tão claramente. Mas Judas estava dolorosamente
consciente do significado das palavras do Mestre ligadas ao seu ato, e
tornou-se temeroso de que os seus irmãos estivessem agora também cientes
de que era ele o traidor.
Pedro estava bastante agitado com aquilo que tinha sido dito e,
inclinando-se para a frente sobre a mesa, dirigiu-se a João: “Pergunte-lhe
quem é; ou, se ele tiver dito a ti, dize-me quem é o traidor”.
Jesus colocou um fim àqueles sussurros dizendo: “Entristeço-me de que
esse mal tenha acontecido e até este momento eu esperei que o poder da
verdade pudesse triunfar sobre o engano causado pelo mal, mas essas
vitórias não são ganhas sem a fé do amor sincero à verdade. Eu gostaria de
não ter de dizer essas coisas, nesta que é a nossa Última Ceia, mas
desejei prevenir-vos sobre esses sofrimentos e, desse modo, preparar-vos
para o que nos espera. Eu vos disse isso porque desejo que vos lembreis,
depois que eu me for, de que eu sabia sobre todas essas conspirações
maldosas, e que vos preveni sobre a traição feita contra mim. E tudo isso
eu faço apenas para que sejais fortalecidos contra as tentações e
provações que estão pela frente”.
Depois de falar assim, Jesus, inclinando-se para o lado de Judas,
disse: “O que decidiste fazer, faze-o de pressa”. E quando Judas ouviu
essas palavras, ele levantou-se da mesa e apressadamente deixou a sala,
saindo à noite para executar o que tinha decidido cumprir. Quando os
outros apóstolos viram Judas apressar-se e sair depois que Jesus falou com
ele, pensaram que ele tinha ido à procura de algo complementar para a
ceia, ou cuidar de alguma mensagem para o Mestre, pois supunham que ele
ainda estivesse com a bolsa.
Jesus sabia agora que nada poderia ser feito para impedir que Judas se
tornasse um traidor. Ele começara com doze – agora estava com onze. Ele
escolhera seis dentre esses apóstolos, e ainda que Judas estivesse entre
aqueles indicados pelos próprios apóstolos escolhidos inicialmente, mesmo
assim o Mestre aceitara-o, e tinha, até esta mesma hora, feito tudo o que
era possível para santificá-lo e salvá-lo, do mesmo modo que havia
trabalhado para a paz e a salvação dos outros.
Essa ceia, com os seus episódios de ternura e com os seus toques de
brandura, foi o último apelo de Jesus ao desertor Judas, mas esse apelo
resultou em vão. Uma vez que o amor esteja realmente morto, a advertência,
mesmo quando ministrada da maneira mais cuidadosa e transmitida com o
espírito mais bondoso, via de regra, apenas intensifica o ódio e acende a
determinação maldosa de efetuar integralmente os próprios projetos
egoístas.
Quando eles terminaram de beber dessa nova taça da lembrança, o Mestre
tomou do pão e, após dar as graças, partiu-o em pedaços e, mandando que o
passassem adiante, disse: “Tomai este pão da lembrança e comei-o. Pois
isto é o meu corpo, que será entregue por vós. Eu vos
disse que sou o pão da vida. E este pão da vida é a vida unida do Pai e do
Filho, em uma só dádiva. A palavra do Pai, como revelada no Filho, é de
fato o pão da vida”. Depois de terem comido do pão da lembrança, o símbolo
da palavra viva da verdade encarnada à semelhança da carne mortal, todos
eles sentaram-se.
Quando eles trouxeram o terceiro cálice de vinho para Jesus, o “cálice
da bênção”, ele levantou-se do divã e, tomando o cálice nas suas mãos,
abençoou-o, dizendo: “Tomai deste cálice, todos vós, e bebei dele. Este é o cálice
do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por
vós, e por todos, para a remissão dos pecados. Fazei isto em memória
de mim. Este é o cálice da bênção de uma nova dispensação de graça e de verdade. E será, para vós, o emblema do
outorgamento e da ministração do divino Espírito da Verdade. E eu não
beberei novamente deste cálice convosco até que beba em uma nova forma
convosco no Reino eterno do Pai”.
Os apóstolos todos sentiram que alguma coisa de fora do ordinário
estava acontecendo, quando eles beberam desse cálice da bênção em
reverência profunda e em perfeito silêncio. A velha Páscoa comemorava a
emergência dos seus pais, de um estado de escravidão racial para a
liberdade individual; agora o Mestre estava instituindo uma nova ceia da
lembrança como um símbolo da nova dispensação, na qual o indivíduo
escravizado emerge do aprisionamento, ao cerimonialismo e ao egoísmo, para
a alegria espiritual da fraternidade e da irmandade dos filhos libertados
do Deus vivo.
Ao organizar esta ceia de lembrança, o Mestre, como era sempre do seu
hábito, recorreu a parábolas e a símbolos. Ele empregou símbolos porque
queria ensinar algumas grandes verdades espirituais, de uma tal maneira
que tornasse difícil para os sucessores apegarem-se a interpretações
precisas e significados definidos para as suas palavras. Desse modo ele
buscou impedir gerações sucessivas de cristalizarem o seu ensinamento e de
ligarem os seus significados espirituais às correntes mortas da tradição e
do dogma. Ao estabelecer a única cerimônia ou sacramento ligado à missão
de toda a sua vida, Jesus tomou um grande cuidado em sugerir os
seus significados mais do que em comprometer-se com definições precisas.
Ele não queria destruir o conceito individual da comunhão divina,
estabelecendo uma forma precisa; nem desejava limitar a imaginação
espiritual do crente, paralisando-a formalmente. Ele buscava mais colocar
a alma do homem renascido em liberdade e nas asas jubilosas de uma
liberdade espiritual nova e viva.
Não obstante o esforço do Mestre, de estabelecer assim esse novo
sacramento da lembrança, aqueles que o seguiram, nos séculos seguintes,
encarregaram-se de opor-se a que o seu desejo expresso fosse efetivamente
satisfeito, naquilo em que o simbolismo espiritual simples daquela noite
na carne teria sido reduzido a interpretações precisas e submetido à
precisão quase matemática de uma fórmula estabelecida. De todos os
ensinamentos de Jesus, nenhum se tornou mais padronizado pela tradição.
Essa ceia da lembrança, quando é compartilhada por aqueles que são
crentes dos Filhos e conhecedores de Deus, não precisa ter quaisquer das
interpretações malfeitas e pueris dos homens ligadas ao seu simbolismo, a
respeito do significado da divina presença, pois em todas essas ocasiões o
Mestre está presente realmente. A ceia da lembrança é um encontro
simbólico. Quando vós vos tornais assim conscientes
do espírito, o Filho está realmente presente, e o seu espírito
confraterniza-se com o fragmento residente do seu Pai.
Após terem entrado em meditação, por alguns momentos, Jesus continuou
falando: “Quando fizerdes essas coisas, relembrai-vos da vida que eu vivi
na Terra entre vós e rejubilai, pois eu devo continuar a viver na Terra
convosco servindo por vosso intermédio. Como indivíduos, não tenhais entre
vós disputas sobre quem será o maior. Sede como irmãos. E, quando o Reino
crescer e abranger grandes grupos de crentes, do mesmo modo deveríeis
abster-vos de disputas pela grandeza e de buscar a preferência entre tais
grupos”.
E essa ocasião grandiosa teve lugar na sala do andar superior da casa
de um amigo. Nem a ceia nem a casa apresentavam qualquer forma sagrada de
consagração cerimonial. A ceia da lembrança foi organizada sem a sanção
eclesiástica.
Depois que Jesus estabeleceu assim a ceia da lembrança, ele disse aos
apóstolos: “E sempre que fizerdes isso, fazei em lembrança de mim. E
quando vos lembrardes de mim, primeiro olhai para a minha vida na carne,
lembrai-vos de que eu estive certa vez entre vós e, então, pela fé, podeis
saber que todos vós ireis algum dia cear comigo no Reino eterno do Pai.
Esta é a nova Páscoa, que eu deixo convosco, a da memória da minha vida de
auto-outorga, a palavra da verdade eterna; e do meu amor por vós, da
efusão do meu Espírito da Verdade sobre toda a carne”.
E eles concluíram essa celebração da velha Páscoa, que, sem
derramamento de sangue de sacrifício, estabelecia a inauguração da nova
ceia da lembrança, cantando todos juntos o salmo cento e dezoito.
Obrigado
Senhor por mais um dia!!!
A você que
leu as mensagens, e deseja receber um DVD com o filme das aparições da
virgem Maria, que estão acontecendo em Medjugorje, e Anguera BA.
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dos 5000, e para poder continuar com essa
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por minha
conta. Passe um telefone fixo P/ contato se tiver. Obrigado. E que Maria Santíssima vos abençoe...
Conta CEF. AG. 1268 CC.
4463-5 Luiz Freimuller. Contato - 45 32681145
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